quinta-feira, junho 26, 2003

Existência possível

Nos trilhos de uma hermenêutica ricoeuriana, apetece-me hoje pensar os textos que não li. E acreditar que por essa omissão me acometo de grave falta, parce qu’il me manque quelque chose...

Sim, faltar-me-à o indizível que os textos que não li condensam. O ar dos tempos que respiram e que eu ainda não respirei.

Na verdade, gostaria de crescer dentro do texto-infinito, multireferente e sequencial (às vezes), para não mais sair da sua doce e apetecível clausura. Desejo perder-me nessa homologia construída a cada palavra, superar a eficácia da técnica interpretativa e permitir-me a deriva ontológica. Eu quero saber do ser que compreende e que sou eu. Eu quero saber o que torna possível a alquimia da compreensão; e ler o mundo-texto que [ainda] não li.