sábado, março 04, 2006

Erro

O erro possui em si uma razão gráfica que se inscreve. Este estatuto lega a quem erra a dificuldade de esquecer o seu erro. Por isso, o erro é um processo de desenvolvimento da subjectividade. No erro, o sujeito constrói-se ou destrói-se. Pode ainda diluir-se e viver o noante. Eu posso pretender ter uma reposta para os meus erros. Mas o que me assalta são problematizações e a vontade de não mais errar. Na narrativa que é a minha vida, há traços erráticos de erro. Percebo-os em mim como interiormente percebo a passagem do tempo. Como se o tempo da minha vida se fabricasse no interior de alguns erros que cometi. Então o erro deixa de ser o fragmentário, o contingente ou o acidental.

O erro, na minha vida, é como o tempo em Agostinho. Pelo menos é assim que o conheço. Como tendo um princípio e um fim. Sei que erro pela minha consciência enunciativa do erro. Eu digo: erro, errei, errarei. Como o tempo em Agostinho, os meus erros distender-se-ão para o passado e para o futuro. Sei-o.