terça-feira, outubro 25, 2005

Como dizer saudade

E ser täo português, quando estou täo longe. Nada me chega de Portugal, aqui. A näo ser que o procure.

Mas, sim, procuro saber do meu país. E cumpro o ritual de, todas as manhäs, ler a versäo online dos jornais. Näo encontro jornais portugueses impressos. Há o The Herald Tribune, o The Guardian, o Le Monde, o Corriere della Sera, O El Mundo... Mas näo há o Público ou o Diário de Notícias.

E é claro que reinvento formas de aproximacäo à portugalidade. Aqui, entre pessoas de tantas nacionalidades, perguntam-me porque só trouxe música portuguesa comigo. É que, ao fim do dia, a musicalidade da língua é a palavra ritmada que me embala.

E, de repente, lembro-me do que é sentir-se emigrante. Lembro-me que a memória de muitos emigrantes está associada ao Portugal que deixaram para trás. E a representacäo do seu Portugal cabe nas saias rodadas de um rancho folclórico, por exemplo.

O meu Portugal cabe nas formas mais nobres da gastronomia. Como sinto falta da boa comida portuguesa... Procuro um bom azeite e näo o encontro. Procuro um päo caseiro e sou obrigado a conformar-me com uma baguete deslavada e branca. Procuro queijo(ah, como o queijo provoca em mim uma sinestesia indescritível: o paladar e o cheiro de um bom queijo de ovelha) e sou obrigado à escolha internacional de um chedar cheese ou de um brie.

Tudo isto para dizer que, hoje, me apetecem pastéis de nata.