poema do notíciário radiofónico
O éter é menos volátil do que imaginava.
Pesa e adensa-se em espessas colunas de fumo,
dos cigarros mastigados ao ritmo trepidante
e frenético do acontecer.
A rotina das meias horas obriga.
Mas eu não fumo.
Eu não conhecia, é verdade, os segredos profundos do métier.
Nem a voz (personalidade minha) que se mascara
forçosamente
para falar ao microfone.
A rotina das meias horas obriga.
São ondas volumosas que moldam
O meu ser ao ser noticioso.
Anulo-me. Transparente sou ante a teia dos factos.
Apareço, só por detrás da cortina,
de telexes, sons capturados e nicotina.
A rotina das meias horas obriga.
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