Tanto mar dentro. Onde não tenho medo de entrar.
"Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo pra mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim"
"Tanto Mar"
Chico Buarque |1975|
Cantado por Maria de Medeiros |2007|
Nunca esta música me tocou tão fundo. Os contornos da festa são tão claros e definidos, como o cravo que avermelha dentro de mim. Perdoem-me a escrita truncada e as referências demasiado pessoais. Hoje eu quero esta ambiguidade de sentidos. A primeira vez que me cantaram esta música, não era Abril. Era Setembro soturno e a festa não era bela para todos.
Eu estava contente. Mas a semente é remanescente.
É que a Primavera e o cheiro a alecrim acontecem sempre que estou aqui.
Para mim, claro. Sem penumbra. Sem dúvida. Sem folha caída de Setembro. Com flor de Abril, só.
É esta a nossa importância.
Teu,
Jorge.
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