terça-feira, julho 08, 2003

Il y a une universalité de l’homme; mais elle n’est pas donnée, elle est perpétuellement construite*

Novas estradas se constroem a uma velocidade estonteante. E a paisagem cobre-se de redes e canais, de aparente abstração e realidade pouco palpável. Desenham-se as vias de uma nova realidade – a da comunicação que nos envolve e afecta o âmago.

Da massa pós-moderna moldada nos cânones da televisão e de outros média ao espectacular desenvolvimento da técnica, uma voraz mudança... Nova etimologia, nova terminologia, nova sociologia e novo lugar para o homem, introduzidos por pela enunciação global de uma era mediática em que impera o multi e a cultura de redes.

Vivemos, de facto, o tempo das redes. Elas são e serão o sistema nervoso da sociedade futura. Elas são a info e a infra-estrutura da inteireza social e dos próprios sujeitos, com potenciais consequências para ecologia humana, se o ambiente mediático continuar a penetrar as nossas vidas privadas, a reduzir e mesmo a destruir a qualidade das comunicações inter-pessoais.

E o que dizer dos valores sociais quando o desenvolvimento das tecnologias da comunicação é responsável por uma terrível padronização dos actos e dos actores? Estará também ameaçada a equidade social, comprometida a promessa democrática, quando a dita sociedade de informação vale mais para uns, do que para outros, quando somos confrontados com uma crescente classe de infopobres e infoexcluídos?...

A promessa desvanece, porque apesar de uma minoria bem informada, da ilusão de participação e decisão nas instituições, prevalece uma visão subversiva da democracia, sujeita ao um aumento exponencial das oportunidades de controlo central, com consequente limitação das liberdades individuais.

Podemos contra-argumentar, afirmar a diversidade de impressões que podemos recolher dos novos média, com inúmeras potencialidades para o enriquecimento da mente humana. Mas, não serão essas impressões oferecidas, muitas vezes, em quantidades não processáveis, fora de contexto, e em linguagens e padrões artificiais, fragmentados?...

*[Jean Paul Sartre]