sexta-feira, abril 02, 2004

«Investigações Filosóficas»

Estou a ler esta obra do filósofo Wittgenstein, essencial ao domínio da filosofia da comunicação.

O que até agora mais me tem fascinado em Wittgenstein é a mudança programático-teórico que o próprio imprimiu ao seu pensamento sobre a linguagem.

O Wittgenstein do «Tratado Lógico-Filosófico» preconizava uma perspectiva lógica, semântica e proposicional, considerando que a linguagem é um conjunto de proposições. Destas, apenas interessaria avaliar o seu valor de verdade. A proposição seria detentora de sentido se pudesse ser considerada verdadeira ou falsa, o que era extremamente limitador para, por exemplo, proposições sobre a moral ou sobre a estética. Então estas não teriam sentido?

O segundo Wittgenstein, o das «Investigações Filosóficas», interessa-me mais. Filia-se numa pragmática que defende que a linguagem é consituída por jogos. Os jogos de linguagem são uma dinâmica constante, essencial a qualquer forma de vida. E há neste pensamento uma curiosa analogia com o sistema biológico. Como se fosse um darwinismo da linguagem.

Mas quantas espécies de proposições há? (...) Há um número incontável de espécies: incontáveis espécies diferentes daquilo a que chamamos «símbolos», «palavras», «proposições». E esta multiplicidade não é nada de fixo, dado de uma vez por todas; mas antes novos tipos de linguagem, novos jogos de linguagem, como poderíamos dizer, surgem e outros envelhecem e são esquecidos. Ludwig Wittgenstein, «Investigações Filosóficas», secção 23.