terça-feira, novembro 22, 2005

Fronteira

Atravessar uma fronteira é sentir de perto o limbo e a vertigem do abismo. Há sempre o risco de näo se entrar. Mas há também o risco de se entrar e näo voltar a sair. É a perspetiva da clausura que me assusta. O domínio da territorialidade fiscalizada. Quantos centímetros de terra preciso pisar? Eu, o estrangeiro... Sou estrangeiro porque sou do lado de lá. Sou o veneno no qual se alicerça o antídoto da identidade dos que falam outra língua, dos que usam outro alfabeto, dos que partilham uma geografia [paisagens, interiores, formas de sentir, formas de ver] distinta da minha.

Ao atravessar a fronteira, nunca me senti tão imensamente outro.