quinta-feira, junho 21, 2007

and now, for something far more serious



Este pequeno livro de George Steiner, absolutamente lúcido e de uma leitura tão fácil como cativante, recentrou a minha atenção na contemplação do que é, afinal, ensinar, e do que é aprender.

Fazer escola com mestres não é a experiência mais democrática que exista neste mundo. Nem todos os que hoje ensinam são mestres. Nem todos os mestres fazem Escola.

| a minha declaração de interesses neste post, é que eu assumo, orgulhosamente, ter podido conhecer verdadeiros mestres |

E por Escola eu entendo uma passagem de testemunho, uma transfusão de sangue-vida que generosamente atravessa a corrente sanguínea e o cordão umbilical, uma infusão, um chá quente bebido a dois. Ser mestre e ter discípulos é uma lição de maternidade. Pure motherhood.

O que George Steiner propõe, em "As Lições dos Mestres", é uma leitura histórico-filosófica, uma viagem pelos sistemas de pensamento. Sucedem-se transmissores e herdeiros de saber. Saber herdado porque inscrito na contemplação ascética, herdado porque incriptado em (sagradas) escrituras, herdado porque ouvido e recuperado por seguidores.

E há os mestres que, com o fervor intenso, nos ensinam a procurar em redor o reduto singular das coisas.
Flaubert, que ensinava o estilo como especificidade infinita, legou a Maupassant esta frase inflamada com poder inventivo:

"Seja o que for que pretendas dizer, há apenas uma palavra para o exprimir, um verbo para o fazer mover, um adjectivo para o qualificar".