Detesto recomeçar
porque recomeçar implica o reconhecimento de uma falta e de uma ausência
e talvez por isso me seja mais fácil aceitar a descontinuidade (e deixá-la crescer selvaticamente como urtigas por sobre os baldios) do que admiti-la e, ainda por cima, assiná-la, subscrevê-la, rubricá-la com o íntimo de mim.
talvez o problema seja o do nome. e então no meu breviário este não é um recomeço. recomeçar é entregar-se ao fracasso do que tardou em ser cumprido.
e escrever aqui é um acto de expiação sagrada dos dias. não é uma obrigação rotineira.
ah, as fatias da vida são entremeadas por vazios forçados, lapsos de tempo em que dificilmente se escapa à voragem e se entra em órbita tangencial
a verdade é que, no ir e no vir e no que não se passou aqui, houve tempos muito preenchidos. tão-só ficaram não-testemunhados.
houve vida. and this was its soundtrack (blessedly discovered in a hurry to find yet another christmas gift)
Nina Simone, "Ain't got no... I've got"