sexta-feira, abril 02, 2004

«Investigações Filosóficas»

Estou a ler esta obra do filósofo Wittgenstein, essencial ao domínio da filosofia da comunicação.

O que até agora mais me tem fascinado em Wittgenstein é a mudança programático-teórico que o próprio imprimiu ao seu pensamento sobre a linguagem.

O Wittgenstein do «Tratado Lógico-Filosófico» preconizava uma perspectiva lógica, semântica e proposicional, considerando que a linguagem é um conjunto de proposições. Destas, apenas interessaria avaliar o seu valor de verdade. A proposição seria detentora de sentido se pudesse ser considerada verdadeira ou falsa, o que era extremamente limitador para, por exemplo, proposições sobre a moral ou sobre a estética. Então estas não teriam sentido?

O segundo Wittgenstein, o das «Investigações Filosóficas», interessa-me mais. Filia-se numa pragmática que defende que a linguagem é consituída por jogos. Os jogos de linguagem são uma dinâmica constante, essencial a qualquer forma de vida. E há neste pensamento uma curiosa analogia com o sistema biológico. Como se fosse um darwinismo da linguagem.

Mas quantas espécies de proposições há? (...) Há um número incontável de espécies: incontáveis espécies diferentes daquilo a que chamamos «símbolos», «palavras», «proposições». E esta multiplicidade não é nada de fixo, dado de uma vez por todas; mas antes novos tipos de linguagem, novos jogos de linguagem, como poderíamos dizer, surgem e outros envelhecem e são esquecidos. Ludwig Wittgenstein, «Investigações Filosóficas», secção 23.

Signs and my meanings I

É a rubrica que anunciei há uns tempos.
Hoje, é tempo de me explicar.

A Imagem à direita é um auto-retrato de Aurélia de Sousa (1866-1922). Vi-o com mais atenção na minha última visita ao Porto, no Museu Soares dos Reis. É conhecido por ser uma obra anunciadora da modernidade. Mas o que mais me intriga é a frontalidade rectilínea e geométrica do olhar negro, intenso, perturbador...


O Texto que aponto é «O Vale da Paixão», de Lídia Jorge. Este vale é um espaço de fuga e de incumprimento do amor. É um espaço de desamor, de vertigem e (des)encontro entre uma filha e um pai que pinta pássaros. E que é um trota-mundos, errante de si.

(2) O resultado é uma plasticidade que respira.

E que insulta o carácter repressivo e selectivo da cultura oficial.

A instalação que o observador propõe é da autoria de Jean Dubuffet, mestre da art brut. Tem por título Jardim de Inverno e pode ser visitada no Centre Pompidou, em Paris.

(1) Há uma arquitectura utópica



Que nos permite estar dentro do objecto artístico...